Um dos maiores desafios das empresas hoje é selecionar os candidatos corretos para contratar. É árduo achar pessoas que tenham as aptidões necessárias para realizarem as tarefas e também tenham o perfil de comportamento que condiz com a cultura organizacional.
Contudo, isso não é impossível, ainda mais com os meios tecnológicos atuais que podemos utilizar para essa atividade. Para facilitar esse processo, os departamentos de recursos humanos estão incorporando a gamificação ao recrutamento.
Dito isso, o que é gamificação e como ela impacta no processo de seleção de futuros colaboradores? Para compreender melhor o tema continue lendo este artigo!
O que é gamificação?
A gamificação é uma técnica baseada em jogos para diversas situações. É usado, por exemplo, na área de recursos humanos das empresas. Esta ferramenta provê incentivos como completar níveis, ganhar recompensas ou aumentar pontos, conforme você passa de nível, para atingir determinados objetivos.
A ideia existe desde a década de 70 e tem crescido em popularidade desde 2010: tem sido objeto de várias conferências e palestras, como no TED talks. Na mesma época, as empresas do Vale do Silício começaram a usar o conceito em suas apresentações aos investidores.
Desenvolver novas formas de envolver os participantes em atividades educacionais e formativas é um desafio constante para as empresas e instituições de ensino. Como manter o interesse dos colaboradores durante as dinâmicas e trazer resultados, mesmo com as responsabilidades do dia a dia? Como manter a atenção dos estudantes nas aulas muitas empresas tentam resolver tais dilemas por meio de plataformas virtuais, como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, ou AVA.
A diferença entre esse método inovador e a gamificação é que ela aumenta a conscientização do público e facilita a mensuração dos resultados. Por isso, esse método é cada vez mais presente em diferentes processos das empresas, escolas, na capacitação corporativa, retenção de colaboradores, fortalecimento do aprendizado dos alunos, entre outras áreas.
O jogo é uma forma de utilizar componentes de jogos comuns em condições que não se limitam à diversão. Ele usa a lógica e os métodos dos jogos para servir a outros intentos, como: transformar conteúdos complexos em mais acessíveis, facilitar os processos de aprendizagem de maneira dinâmica.
Essa estratégia utiliza diversos elementos específicos de jogos, como sistema de pontuação, categorização em rankings, e metas a serem alcançadas, além de recompensas para as missões, para engajar pessoas.
De acordo com a empresa Newzoo, de pesquisas, cerca de 2,5 bilhões de indivíduos em todo o mundo jogam. No Brasil, 66,3 % jogam independentemente do tipo de aparelho, com idade entre 25 e 34 anos.
Outros estudos demonstram que os trabalhadores têm uma sensação de maior motivação quando são colocados diferentes elementos na sua formação, compreendendo cerca de 83 %. Quase 90% se sentiram mais úteis quando seu trabalho se tornou um jogo.
Esse estudo demonstra que jogo faz parte do dia a dia das pessoas, a aplicação de elementos do jogo em atividades não lúdicas pode contribuir para o engajamento e a motivação.
Quais os elementos da gamificação?
A gamificação usa elementos usuais de jogos em ambientes de não entretenimento.
Storytelling
Conhecido como um método para contar histórias, o storytelling é um exercício voltado ao desenvolvimento de histórias ou narrativas com a finalidade de divertir, ensinar, preservar a cultura ou passar valores morais.
No jogo, esse recurso é usado principalmente para envolver o público e aumentar o interesse no conteúdo que está sendo compartilhado. Por isso, é utilizada como plano para chamar a atenção e tornar o exercício mais divertido e interessante.
Avatar
Um Avatar é uma representação visual do jogador, pode ser feita com uma foto com personalização, desenho, além de formas mais sofisticadas de design.
Esse elemento está relacionado à função narrativa mencionada anteriormente. Isso porque o personagem criado deve estar relacionado ao cenário da história. Nesse ponto, o avatar é uma forma que ajuda a aumentar a imersão do jogador na dinâmica proposta.
Desafios
É um desafio que estimula os participantes a se empenharem em direção ao objetivo do evento. Mas, para que funcione, três recursos devem ser trabalhados: Desafio, Conquistas e Tarefas que mantenham os participantes interessados.
Além disso, o nível de dificuldade do exercício proposto deve ser balanceado para que o participante compreenda e consiga alcançar o que é apresentado. O contrário também deve ser considerado, é essencial que o profissional não considere o desafio muito fácil, pois isso também pode causar desânimo.
A intenção é que, à medida que o participante avança, a atividade aumenta o nível de dificuldade, de forma que desperta o interesse e o faça atingir o propósito estrategicamente definido, na exploração da atividade.
Prêmios
Outra tática presente nos jogos,é a recompensa, ela é feita de acordo com o alcance das metas. É um dos recursos feitos com o objetivo de estimular o participante a participar do jogo, por isso deve ser desenvolvida de forma estratégica, de acordo com a intenção.
As recompensas podem ser: ir para a próxima etapa do jogo; juntar moedas virtuais que podem ser trocadas por outros itens; ganhar pontos; medalhas de recompensa; troféus; comentários positivos, entre outros.
Pontos
Como mencionado anteriormente, os pontos são um dos sistemas para recompensa, pois eles demonstram o progresso que está sendo feito ao longo do jogo, aumentando a motivação.
Cada movimento gera um determinado número de pontos e conforme a dificuldade aumenta, a recompensa também pode ser maior, assim o jogador se sente motivado a se desafiar cada vez mais para atingir o objetivo final da estratégia de gamificação. Tornando possível atingir a meta.
Esse recurso é usado para criar um senso de competição entre os participantes, principalmente quando há um ranking, que é o próximo tema.
Ranking
O sistema de categorização determina a melhor posição na tarefa. A ênfase é colocada nos que têm o melhor desempenho. Serve para estimular a competição e despertar o interesse dos participantes em disputar as melhores vagas.
Como a gamificação funciona no processo seletivo?
A seleção tradicional de candidatos é conduzida pela avaliação de currículos, realização de entrevistas, dinâmica para avaliações comportamentais e outros testes psicológicos. Ao final do procedimento o profissional de recursos humanos seleciona a melhor pessoa para a vaga.
Parece algo simples de se fazer e já formatado, mas o fluxo de necessidade de novas entrevistas, análise de currículo e recontratações não traz tantos resultados vantajosos para a empresa , já que, muitas vezes, os trabalhadores acabam saindo da empresa ou sendo demitidos nos primeiros meses.
Para entender como aplicar a gamificação no recrutamento, primeiro é essencial entender o conceito. Em suma, a gamificação consiste em aplicar técnicas e design dos jogos em vários contextos.
Não é à toa que esse conceito virou tendência no RH, principalmente quando falamos de processo seletivo. A gamificação visa criar uma dinâmica de jogo para desafiar os candidatos, testar especialidades e fazer a avaliação por competências, comportamentais e técnicas.
Em Gamificação: princípios e estratégias, livro de Pimenta Cultural, 2016, Raul Inácio Busarello explica que a ideia é aplicar elementos de jogos para promover a resolução de questões e motivar a pessoa.
No processo de seleção, a gamificação pode ser utilizada para aplicar categorizações e recompensas ao desenvolvimento de tarefas. Para esta tarefa, os candidatos mais qualificados estão no topo da lista.
Aplicar dinâmicas em diferentes graus, nas quais o candidato ou profissional avança de acordo com suas habilidades para enfrentar desafios compostos, como em um jogo real, também faz parte da gamificação.
Como utilizar a gamificação no recrutamento e seleção?
O processo de recrutamento com recursos de gamificação resulta em maior engajamento dos candidatos, promovendo a maior possibilidade de retenção, antes mesmo de acontecer a contratação. Também cria uma figura mais positiva do negócio.
A utilização de jogos também constrói uma tensão entre os jogadores. É um instrumento que auxilia na avaliação dos indivíduos, vendo como eles se comportam sob pressão, colabora com os colegas e continua capaz de mostrar soluções criativas. Confira alguns exemplos de uso da gamificação que podem ser aplicados no recrutamento.
Jogos interativos
A rede hoteleira Marriott desenvolveu um jogo em que os candidatos simulam de forma virtual a experiência de administrar um hotel.
Já a Shell, rede de postos de gasolina, criou um jogo para que os profissionais explorem a área e obtivessem o máximo de energia possível, resolvendo quebra-cabeças digitais. Isso ajuda a analisar o senso crítico dos participantes, raciocínio lógico e visual.
Esses recursos são muito utilizados, porque auxiliam o candidato a entender as regras internas e as informações da empresa, simulando a rotina de trabalho e explorando suas capacidades.
Competição criativa
A Domino ‘s Pizza aplica ferramentas que estimulam as pessoas na criação de sabores novos para as pizzas. Este jogo é divertido e adequado para avaliar os candidatos com ideias criativa e inovadoras, um valor muito importante para a empresa. É um bom exemplo de como escolher o melhor game de acordo com o que você busca no mercado.
Perspectiva dinâmica
A introdução pessoal dos candidatos em um recrutamento pode ser mais inusitada, por exemplo, com a utilização de cartas em que constam perguntas em relação às competências de cada um. Essa abordagem rompe com a perspectiva formal normalmente utilizada nesses casos, deixando os candidatos mais livres para expor os conhecimentos e também para expressarem-se de forma tranquila.
Vale ressaltar que a implantação da gamificação na contratação deve ser feita de forma planejada e com uma intenção clara. Isso é importante para que essa ferramenta tenha uma finalidade positiva. É importante recordar que esta é apenas uma extensão do processo seletivo, não substituindo nenhuma outra etapa.
Quais são as vantagens em gamificar o processo seletivo?
A gamificação no processo seletivo é uma tática para atrair e engajar mais os candidatos; avaliar as aptidões técnicas, tecnológicas e comportamentais e aumentar a confiança na escolha de especialistas. Além disso, não está restrita somente a grandes empresas.
Qualquer companhia pode ter benefícios com a adoção da gamificação desde que o esboço da dinâmica proposta aos candidatos seja consistente. É uma tarefa difícil, mas auxilia a análise da atuação de profissionais em níveis diferentes.
O conceito pode ser divertido, mas a gamificação é um negócio sério. A implementação dessa ideia nos processos da companhia, principalmente no que diz respeito ao recrutamento, proporciona uma série de vantagens, tanto para a empresa quanto para os candidatos. Conheça agora alguns desses benefícios:
Aumentar a participação do candidato no processo seletivo
O envolvimento dos candidatos no processo de seleção da sua empresa é fundamental. Assim, você pode encontrar os melhores talentos para os negócios. E a gamificação é uma excelente aliada nesse sentido.
Integrando técnicas de jogos, este conceito torna cada atividade mais leve e divertida sem sacrificar a qualidade. Assim, os candidatos ficam mais motivados a darem o melhor de si em seus processos, aumentando suas chances de achar o profissional ideal.
Além disso, aumenta a chance dos candidatos gostarem do processo seletivo e se sentirem à vontade para falar sobre ela para seus conhecidos, de forma positiva, o que aumenta a reputação da empresa do mercado. Eles também ficarão mais confortáveis para serem eles mesmos, o que facilitará a análise das características pessoais mais delicadas e específicas.
Coleta de dados objetivos sobre as aptidões dos profissionais
Há diversas técnicas de jogos de realidade virtual. Eles têm uma vantagem grande em relação aos demais tipos, pois aplicativos e softwares desenvolvidos para essa finalidade de recrutamento podem coletar diversos dados detalhados e algoritmos de recrutamento sobre os candidatos durante o processo.
Dessa forma, você gera dados para serem analisadas. Eles poderão subsidiar a decisão sobre quem é o melhor profissional para a empresa. Os dados são bem precisos quando se trata da coleta por tecnologia, e podem ficar armazenados o tempo suficiente para dar fim ao processo seletivo, sendo possível analisar com calma quem será o escolhido.
Cria um diferencial para a empresa
Trabalhar o nome da sua empresa como empregadora é uma ótima tática para achar os melhores talentos do mercado para a sua empresa e diminuir os índices de rotatividade. Dessa forma, é importante construir diferenciais para o negócio sendo a gamificação uma grande aliada nesse quesito.
Com um recrutamento inovador, os profissionais tornam-se promotores de sua empresa como empregadora, melhorando sua reputação geral.
Quais são os cases de sucesso de gamificação em processos seletivos?
Jogar no processo seletivo ainda parece um conceito abstrato para você? Conheça alguns estudos de caso de empresas que utilizam a gamificação com sucesso! Os exemplos são de grandes empresas, porém, conforme já apresentado, empresas de diferentes portes podem aderir à gamificação! Confira!
L’Oréal
A multinacional francesa de cosméticos L’Oréal foi uma das primeiras a implementar a gamificação no processo de seleção por meio de um jogo que chamaram de Brandstorm. O propósito é avaliar e atrair estudantes que estão cursando a graduação. Para isso, os responsáveis pelo processo colocam os candidatos no cargo diretores de marketing da empresa.
Uma equipe é formada e ela recebe um estudo de casos com o objetivo de realizar análises de mercado e lançar produtos inovadores com base nas recomendações dos executivos que já trabalham na marca. Este processo durou meses, no fim a empresa avalia os participantes em termos de inovação, estratégia e habilidade de trabalhar em equipe.
Nestlé
Outro exemplo de como fazer um jogo no processo de seleção é a marca Nestlé. Foram utilizadas estratégias para a seleção dos participantes. Por meio da gamificação, a companhia simula presencialmente um jogo “Escape 60” e utiliza testes de raciocínio lógico por meio de um aplicativo.
Ana Schiavone, Head de Talent Acquisition da Nestlé, explica isso em entrevista ao InfoMoney, que em um dos anos, o profissional chegou a um determinado estágio em que teve que tomar uma sequência de decisões. Não era bom nem ruim, mas a escolha de A ou B mostrava se estava de acordo com as políticas da Nestlé ou não.
Por onde começar? Descubra como aplicar na prática
Agora que você já conhece os cases de sucesso, é o momento de realizar o planejamento para colocar a jogabilidade no processo de recrutamento da empresa. Veja as dicas de implementação:
1. Determine as aptidões e perfis ideais para o trabalho.
Antes de mais nada, é essencial ter uma percepção clara dos pré-requisitos do cargo e as competências e habilidades exigidas para a vaga. Assim você saberá exatamente o perfil que está procurando durante o processo seletivo e conseguirá definir, dessa forma, a melhor maneira de desenvolver a gamificação. Assim, liste claramente os seus objetivos que deverão ser atingidos com o processo e quais aptidões e perfis você está em busca, para que tudo faça sentido no fim.
2. Defina a dinâmica do jogo
Então, tendo recebido as informações que você precisa. É o momento de melhorar a dinâmica do jogo, que é o passo mais difícil. É importante que a ação proposta esteja de acordo com o que a empresa deseja ganhar com a seleção. Por exemplo, para tarefas que exigem raciocínio lógico, o quiz é uma boa opção.
Para uma vaga que exige trabalho em equipe, uma dinâmica de grupo em ambiente digital, onde os participantes devem resolver problemas para passar de estágio pode ser uma opção eficiente.
Em um artigo da Forbes, Stephen Baer, chefe de estratégia criativa e inovação da empresa The Game Agency, argumenta que o jogo perfeito ajuda a definir quem está realmente interessado em uma vaga de emprego.
Um jogo bem edificado deve conter perguntas instigantes sobre o material e prover feedbacks específicos para que os candidatos saibam se acertaram a decisão modificou o cenário.
Dessa forma é possível definir a dinâmica do seu jogo, seguindo o objetivo que você quer atingir com ele. Ter tudo estudado e bem organizado é essencial para o sucesso da gamificação no processo seletivo. Assim, separe um bom tempo para o planejamento e desenvolvimento do game.
3. Torne as ideias realidade
O terceiro passo é concretizar a ideia. Será necessário criar um aplicativo ou site, para realizar o processo. Se você quer fazer o processo da forma mais digital possível, geralmente é a melhor forma.
Com essas questões você pode determinar se tem uma equipe qualificada para concluir o projeto ou se o trabalho deve ser terceirizado. Em seguida, coloque o conceito em prática e explique claramente a mudança ao solicitante.
Caso não seja feito por meio de aplicativo, crie um sistema bem claro de como gamificar o processo sem torná-lo engessado, pois todos os pontos devem ser bem estruturados para tornar tudo mais fluido.
O importante é que o processo seja feito de acordo com as políticas da empresa e seja condizente com o que a empresa quer passar. Em uma empresa de inovação e tecnologia, por exemplo, é esperado que o processo por gamificação seja feito da forma mais tecnológica e fina possível, para seguir a linguagem e a proposta da marca, ajudando, assim, no seu reconhecimento no mercado.
4. Acompanhamento
Por fim, incorporando a gamificação ao seu processo de seleção, rastrear resultados é essencial. É interessante identificar indicadores relacionados à vaga preenchida, e ver se o candidato selecionado se adequou realmente, no fim das contas, a o que era pretendido com o emprego, assim é possível determinar os resultados da estratégia e fazer correções, se necessário, pois ajustes sempre são bem-vindos.
Por conseguinte, é possível criar com qualidade a gamificação no processo seletivo. A gamificação é um processo muito usado pelas empresas e escolas atualmente, pois é uma forma de engajar mais as pessoas no conteúdo que está sendo abordado.
Para o aprendizado, amplia a possibilidade dos alunos prestarem atenção ao conteúdo, já nos processos seletivos, abre um leque de opções para que os recrutadores possam analisar cada detalhe sobre o candidato. Existem várias formas de fazer uma gamificação, como com o storytelling, com recompensas, pontos, ranking, avatares, desafios, e todos eles podem ser colocados no processo seletivo.
A gamificação no processo seletivo, dessa forma, é capaz de trazer um grande diferencial para a empresa, conquistar grandes talentos do mercado e evitar a rotatividade de funcionários por gerar maior engajamento dos participantes, que podem, inclusive, tornarem-se defensores da marca.
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